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15/11/2013 Dois Anos Difíceis À Frente


por Luiz Otavio Nascimento  LON

Extraoficialmente começou a corrida pelo cargo presidencial que será disputado nas urnas em outubro de 2014 e três candidatos se lançaram à luta nas cidades de todo o Brasil. Dilma, Aécio e a dupla Eduardo Campos - Marina Silva, já escolheram seus marqueteiros, realizam pesquisas, elaboram programas e planos, e ensaiam discursos para convencer e atrair eleitores.

Mas o cenário real, o pano de fundo, a realidade atual parece não estar sendo olhada. Se visualizada, não há sinais de ser entendida. Se entendida, não há menção de busca de solução. Logo, a imagem que eles demonstram construir é de uma grande ilusão, da qual grande parte da nossa sociedade comunga, quer por ignorância e/ou omissão.

O equilíbrio fiscal foi perdido e o déficit é maquiado neste governo por artífices contábeis há dois anos. A inflação, na casa dos 6%, é aí mantida artificialmente pelo congelamento dos combustíveis e pela intervenção governamental na conta da energia elétrica. A manutenção do câmbio tem exigido grande aporte do Banco Central, e demandará maiores esforços quando o FED norte-americano mudar a estratégia de tappering, enxugando a liquidez do seu mercado, valorizando a sua moeda.

Em paralelo a isso, o Congresso Nacional ensaia colocar em vigor um orçamento impositivo, com garantia de concessão de emendas para cada parlamentar gerando mais despesas. Assim, junto com os outros dois poderes, aumenta continuamente os seus custos, mandando a conta para o setor produtivo da nossa sociedade, que já se encontra estrangulado pela carga tributária, sem poder competitivo e sem contar com a necessária infraestrutura. O resultado final acaba sendo um pibinho.

Esta dura realidade, agravada diariamente pela corrupção entranhada no corpo político governamental, não será alterada no ano de 2014, um ano eleitoral onde tradicionalmente os governantes não tomam medidas de ajuste, normalmente duras e impopulares. Logo, a situação – tal como um câncer – sótende a se agravar. E o remédio, mais amargo e doloroso, ficará para 2015 e para o novo governante.

Em suma, perderemos dois anos de nossas vidas pelo fato de não haver governança e transparência entre os políticos. Por não contarmos com uma oposição ativa e propositiva. Pela falta de uma imprensa inteligente e independente. Pela ausência de cidadãos conscientes e participativos, cônscios de seus direitos.

Na última segunda-feira (11 de novembro), a Federasul promoveu uma reunião-almoço com o candidato Aécio Neves que, em tese, serviria para que ele debatesse conosco suas ideias para melhorar o Brasil. Mas, ele começou mal sua caminhada em terras gaúchas. Ao invés de vir de véspera para evitar qualquer imprevisto, ele optou por assistir ao jogo de futebol do Cruzeiro em Belo Horizonte no domingo e viajar para Porto Alegre na manhã da própria segunda. Aí, a lei de Murphy funcionou! Para piorar, ao chegar atrasado, escolheu dar primeiro entrevista coletiva, enquanto deixava dezenas de empresários esperando pacientemente num salão. Finalmente, com uma hora e meia de atraso, ele – talvez inspirado pelo mau tempo – choveu no molhado, nada apresentou de novo, exceção à proposta de criar uma secretaria de desburocratização tributária. Falando de improviso por meia hora, encerrou sem haver nenhum debate.

Talvez este seja o estereótipo de empresário que os políticos tenham em suas mentes: aqueles que servem apenas para ouvir e pagar a conta. Pior ainda é que isto aconteça em nossa própria casa, na sede das nossas entidades que deveriam aproveitar as oportunidades e fazer os políticos pararem, ouvirem o que temos a dizer para, então, obter deles o firme comprometimento com as necessárias e imprescindíveis mudanças. A manutenção do status quo nos leva à atual realidade e nos fará continuar a perder ano após ano.

Ainda há tempo para acordar e mudar.

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